Os PCNs são idéias para serem utilizadas em sala de aula. Elas irão ampliar os horizontes dos alunos, trazendo a matéria dada em sala de aula para seu uso cotidiano.
O Ensino Médio possui um ensino fechado nas matérias. Os professores adotam tópicos e os aprofundam sem relacioná-los com outras matérias e com o cotidiano. Assim, o aluno aprende a matéria sem saber onde aplicá-la no dia a dia. Esse tipo de ensino até alguns anos não era contestado, até que foi proposta a nova lei de diretrizes e bases, e esse método de ensino passou a ser inaceitável.
A idéia do novo Ensino Médio é de que ele não será simplesmente preparatório para uma profissão, como os cursos técnicos, nem preparatório para o ensino superior, como as demais escolas. Ele irá formar cidadãos preparados para a vida e com noções de cidadania, sem deixar de capacitar qualquer aluno que queira prosseguir com os estudos.
O objetivo dos PCNs é que o discente consiga:
• Informar-se, comunicar-se, argumentar, compreender e agir;
• enfrentar problemas de diferentes naturezas;
• participar socialmente, de forma prática e solidária;
• ser capaz de elaborar criticas ou propostas; e,
• especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado.
Pelo documento:
“[...] a integração dos diferentes conhecimentos pode criar as condições necessárias para uma aprendizagem motivadora, na medida em que ofereça maior liberdade aos professores e aos alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionados aos assuntos ou problemas que dizem respeito à vida da comunidade.”
Um tema inicial será implantado na aula com a intenção de romper a barreira entre a disciplina e o aluno. Assim, com uma proximidade maior do tema abordado, haverá uma facilidade maior em aprender sobre as matérias. Por exemplo: nesse trabalho sobre haletos orgânicos foi adotado como tema motivador a questão ambiental do buraco na camada de ozônio. Esse tema não é exatamente de Química, Física, Matemática, Geografia ou História. Ele é de um conteúdo interdisciplinar que aborda todas essas matérias e está próximo do cotidiano dos alunos. Um dos objetivos dos PCNs é que os alunos sejam capazes de ler um jornal e entender os diversos temas, e que aqueles interessados em uma determinada área procurem a especialização.
Interdisciplinaridade:
“[...] planejamento e desenvolvimento de um currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanque e revigorando a integração e articulação dos conhecimentos [...]”
Ela tem como objetivos:
“[...] a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver o problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e utilizável para responder às questões e aos problemas sociais contemporâneos.”
É exatamente quando em uma aula de Química, por exemplo, usam-se conhecimentos de Física, Matemática e Biologia, e com isso se relaciona a Química com as outras ciências da natureza. Ou quando se usam conhecimentos de História, Geografia, Filosofia, etc., e se relaciona Química à área de ciências humanas.
Os PCNs e a disciplina de Química:
“A proposta apresentada para o ensino de Química nos PCNEM se contrapõe à velha ênfase na memorização de informações, nomes, fórmulas e conhecimentos como fragmentos desligados da realidade dos alunos. Ao contrário disso, pretende que o aluno reconheça e compreenda, de forma integrada e significativa, as transformações químicas que ocorrem nos processos naturais e tecnológicos em diferentes contextos, encontrados na atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera, e suas relações com os sistemas produtivo, industrial e agrícola.”
Esse fragmento do documento sintetiza o objetivo dos PCNs na Química. Trazendo-a para o cotidiano, ela irá se tornar mais interessante e ficará ao alcance de todos os alunos que, com maior motivação, terão mais facilidade de lidar com a matéria de Química.
Não haverá a preocupação com a memorização da tabela periódica, constantes e fórmulas, de maneira exagerada. O conhecimento irá prezar a capacidade de reagir com adversidades, resolver problemas e saber procurar as respostas.
“A memorização indiscriminada de símbolos, fórmulas e nomes de substâncias não contribui para a formação de competências e habilidades desejáveis no Ensino Médio.”
O conhecimento do discente é muito importante: se forem pessoas que desejam ingressar no mercado de trabalho específico da Química, os saberes fragmentados transmitidos de forma tradicional serão de grande valia, mas, como o Ensino Médio não visa somente à profissionalização, deve-se balancear o ensino e não focar apenas na Química, pois o saber fragmentado é fator de alienação. Sabe-se muito sobre as especificidades e pouco sobre o global. No mundo atual, não se empregam mais operários que sirvam somente a uma função específica, estes devem ter conhecimento global, responsabilidade e conhecimento pelas e das implicações de seus atos.
Atualmente se tem um grande crescimento na área de Química, o que a torna mais dinâmica do que outrora. Considerando-se que o cidadão é aquele que participa atuando na sociedade, este deve estar em plena atualização para que possa melhor se posicionar criticamente sobre a ação da Química no mundo, como assinala o documento dos PCNs: “[...] a química tornou-se um dos meios de interpretação do mundo físico [...]”
Assim, concluímos que os cidadãos participam da democracia cumprindo seus deveres e se valendo de seus direitos. Para isto, precisam conhecer antes estes direitos e deveres, que lhes são inerentes, através da educação, se tornando deste modo seres críticos e construtores de uma realidade mais promissora dentro da democracia vigente, uma vez que a educação é própria do sistema democrático.
Um ser social, crítico e munido de conhecimentos se torna um cidadão participante, de maneira plena, no meio em que está inserido.
Com o objetivo de formar um ser crítico e social, o texto-documento de sugestões do Ministério da Educação (MEC), PCNs, prega um ensino de Química centrado na interface entre informação científica e contexto social. Isto significa dizer, em outras palavras, praticar um ensino contextualizado, onde a Química é relacionada com o cotidiano de homens e mulheres, respeitando-se o meio onde estão inseridos, e visando a formação do cidadão, com os conhecimentos necessários para o exercício de seu senso crítico, o que faz de sua participação na sociedade mais efetiva, enquanto cidadão, com isso trazendo uma maior relevância do ensino de Química à vida das pessoas.
Portanto, em sala de aula o conhecimento químico precisa ter maior interação com os conhecimentos cotidianos dos alunos. Através dela é que os conhecimentos científicos irão adquirir significados e real existência no mundo. Neste contexto é que irá se explicitar a importância do diálogo entre os seres sociais que pertencem à comunidade escolar.
Conhecendo e entendendo a comunidade escolar e as pessoas que convivem neste local é possível trabalhar com relações mais objetivas para a construção do conhecimento científico, como a possibilidade de formar um novo ser mais crítico e mais consciente de suas relações com o mundo.
Ao trabalharmos desta forma colocamos nossos alunos em relações dialógicas e de descoberta destes conteúdos com seu meio social, e capazes de através do diálogo trocarem idéias para formação crítica de seus conhecimentos. As pessoas envolvidas conseguirão construir conceitos que lhes possibilitarão viver com mais eficiência de adotar posturas mais críticas diante de suas realidades.
Desta maneira, as sugestões propostas nos PCNs no que diz respeito não somente a educação no Brasil, como no ensino médio, e mais precisamente da disciplina de química, são possíveis e válidas na tentativa de se construir um futuro mais próspero para um povo sofrido, manipulado e manipulável, em virtude de seu pouco conhecimento elaborado e a falta de desenvolvimento de suas competências e habilidades, acreditamos que se todos os profissionais da área de educação pensarem desta forma, juntos, poderemos mudar o cenário da educação neste país.
Um comentário:
Excelente material, esotu orientando um aluno sobre motivação para as aulas de quimcia e foi de grande valia este comentário...
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